27 de jan. de 2015

Riquelme - Amor e Ódio

Um dia, estávamos filosofando na aula de português quando o professor Mário soltou essa: "A Penélope Cruz é igual a um bom vinho. Quanto mais envelhece, mais vai ficando melhor".

Essa pérola define a minha relação com Juan Roman Riquelme. Após Zidane, Riquelme é seguramente o melhor armador que eu vi jogar. Com certeza é o melhor armador sul-americano dos últimos 20 anos. E, é até injusto porque a concorrência não chega nem perto da sua relevância.

Minha relação com Riquelme começou a derrota pela Libertadores de 2000. Mesmo perdendo muito por causa do brilhantismo do goleiro colombiano Óscar Córdoba, o jovem 10 fez miséria principalmente contra o Palmeiras.


Seus dribles desconcertantes, seu controle de bola e sua genialidade na visão de jogo faziam dele o jogador mais frustrante para se jogar contra. O 10 foi o melhor armador da América do Sul num tempo em que nossos ídolos saíam jovens demais. Das potencias da Argentina, o River quase se desfez integralmente após perder na semi-final da Libertadores de 1999. As vendas de Aimar, Sorín, Solari, Ortega e Gallardo era pra dar alguma flutuação financeira para o time do Monumental mas, o que se viu foi uma pequena queda no desempenho.

O Boca era um time de veteranos consolidados na América do Sul e com promessas no meio campo e no ataque. O time se manteve por grande parte dos anos 2000. Jogadores como Sebastián Battaglia, Hugo Ibarra, Rolando Schiavi, Martin Palermo e até Óscar Córdoba só foram sair da Bombonera depois de Marcelo Delgado e Carlitos Tevez. Riquelme saiu em 2002 em direção ao Barcelona.
Riquelme preencheu a lacuna de ídolos no Boca deixada por Verón em 96 e deixou a torcida com Tevez.



Com o passar do tempo, fui começando a entender mais e mais sobre as nuances do futebol. O futebol vindo da Itália tinha sido uma contra-partida eficiente contra o sistema de futebol total holandês. Faltava um je-ne-sais-quoi que a seleção da França resgatou com Zidane no seu meio-campo e que a Itália experimentava com Pavel Nedved. Faltava o artista, o gênio, o especial, o jogador que joga dez minutos por jogo e resolve a parada toda.

Riquelme foi o Zidane sul-americano. Nós, todos os amantes da bola, não conseguimos compreender seu gênio enquanto ele estava no auge. Riquelme e Alex foram os dois últimos artistas da bola a passear pelos gramados da Libertadores. Quando, no ano retrasado, houve a especulação que Riquelme poderia parar no Palmeiras, eu quase tive um AVC. Minha cabeça ficou mais confusa que o trânsito de São Paulo.

Apesar de eu detestar o que Riquelme tinha feito contra o Palmeiras, um jogador daquele garbo, com tamanha grife não se deixa passar mesmo no alto de seus trinta e tantos anos. Riquelme, mesmo com Valdívia no elenco, jogando apenas 10 partidas no brasileirão, teria matado nossa sede por contratações de impacto.

Eu confesso que eu queria Riquelme no meu time. Mesmo sendo apenas a sombra daquilo que já foi, Riquelme definitivamente teria sido um grande atrativo para aguentar um time a base de Tinga, Souza e Maikon Leite.




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